segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Espaços sutis

A 6ª edição do 'Projeto Luciana Paludo convida', aconteceu na Sala 209 da Usina do Gasômetro, no dia 15/10/2016, no evento "Movimentos em colaboração", com a Eduardo Severino Cia de Dança.



A artista convidada foi a bailarina Thaís Petzhold e o espetáculo, resultado desse encontro chamamos de "Espaços sutis"



A simplicidade do encontro de dois corpos e suas histórias de dança. 
Os espaços sutis que se criam 'entre' esses corpos e tornam possível uma outra dança acontecer.





Ficha técnica do espetáculo Espaços sutis:
Atuação e concepção: Luciana Paludo e Thaís Petzhold.
Concepção e montagem de luz: Karrah Luz e Luciana Paludo.
Operação de luz: Luiz André Cancian
Fotos: Claudio Etges
Imagens em vídeo: Alessandra Kircher e Gabriela Paludo S
Apoio de produção: Adrielle Paulino e Eduardo Severino
Realização: Mimese cia de dança coisa.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Espaço on/off_Line

Espaço on/off_Line é o espetáculo que será apresentado na 5ª edição do Projeto Luciana Paludo convida. Elke Siedler é a artista convidada da edição que acontecerá no dia 27 de agosto, sábado, às 19:30, na Sala 209 da Usina do Gasômetro.



O espetáculo se inspira nas relações humanas: online, com os dispositivos de comunicação à distância; offline, a partir das possibilidades de encontros presenciais.
É a partir dessas duas espécies de encontros que se constitui a poética deste espetáculo.
Luciana e Elke iniciaram a trabalhar dessa maneira em 2007, na ocasião do espetáculo "Os humores do poeta" (de Luciana), na turnê realizada através da Caravana FUNARTE de Circulação Nacional - Dança; Elke foi a artista convidada dos "Humores..." em Florianópolis. Na ocasião, para a constituição do espetáculo, e-mails e o MSN eram as possibilidades para completar os dois encontros 'offline', ou, presenciais, que as duas coreógrafas/bailarinas tiveram. Agora os espaços 'online' se expandiram... whatsapp, Skype, messenger, ainda o e-mail.

Espaço on/off_Line trata dessa mescla de possibilidades de encontros que tecem as relações contemporâneas - e de como isso pode expandir, ou não, os desdobramentos desses encontros. As coisas em si não comportam destinos, é o uso que fazemos delas que tornam possíveis os acontecimentos.

As duas artistas têm peculiaridades em comum: desenvolvem carreira solo, com produção independente, há algum tempo; também elaboram, a partir de suas práticas, modos de preparar o corpo em dança, trabalhando com a própria preparação corporal e com o ensino da dança. No início de sua carreira, Elke foi bailarina do Grupo Cena 11.

Para esta edição, conta-se com os seguintes Apoios: Eduardo Severino Cia de Dança / Ânima Cia de Dança / Projeto Usina das Artes e Secretaria Municipal de Cultura.


Sobre o Projeto Luciana Paludo convida
O projeto estreou em 20 de março de 2016, tendo como convidado o bailarino Airton Rodrigues; em 30 de abril, o espetáculo "Dois corpos bem de longe", com o bailarino Douglas Jung, marcou a segunda edição, ambas na Sala 209 da Usina do Gasômetro. A terceira edição aconteceu em 29 de maio, com o bailarino Diego Mac, que dividiu a cena com Luciana na Casa Frasca, com o espetáculo "Leve um movimento para casa".  Na sua quarta edição, o projeto retornou à Sala 209, tendo como convidado o bailarino Eduardo Severino, com o espetáculo "O corpo é".

 O objetivo é que em cada edição esteja em jogo diferentes linguagens autorais que, ao entrarem em relação na mesma cena, encontrem modos de se (re)significarem; justamente pelas influências que o trabalho em colaboração pode exercer na criação em dança. 

O projeto é alimentado pela pergunta-movimento “o que move meu corpo até ele chegar à cena?”. Então, os artistas inventam seus movimentos-resposta, a partir da cooperação no trabalho de criação.
  

A metodologia de trabalho se realiza no seguinte sentido: no mês do espetáculo, os próprios artistas definem as maneiras de se encontrar para realizar a criação; isso faz parte da proposta e do projeto.

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Ficha Técnica:
Concepção coreográfica e dança: Luciana Paludo e Elke Siedler
Trilha: Pedro Rosa Paiva e Colorir; e, ao vivo, Elke Siedler - improvisação e composição com guitarra
Montagem e afinação de luz: Claudio Heinz
Operação de luz: Gabriel Martins
Operação de som: Ana Paula Reis
Apoio de produção: Adrielle Paulino, Ana Paula Reis e Eduardo Severino
Captação de imagens em vídeo: Alessandra Kircher e Gabriela Sulczinski
Fotógrafo do projeto: Cláudio Etges
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Ingressos no local: R$ 20,00 / R$ 10,00 (estudante, classe artística e idosos)
Apoio: Eduardo Severino Cia de Dança; Ânima Cia de Dança; Projeto Usina das Artes - Secretaria Municipal de Cultura.
Realização e produção: Mimese cia de dança-coisa.

domingo, 3 de julho de 2016

O corpo é.
Quarta edição do Projeto Luciana Paludo convida acontecerá no dia 16 de julho de 2016, 19h, na Sala 209 da Usina do Gasômetro. O bailarino e coreógrafo Eduardo Severino é o convidado.
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O corpo é parte de um conceito que já guiou um espetáculo do Mimese cia de dança coisa, em 2003. ‘O que você pensa a respeito do corpo?’ era a pergunta chave de 2003. Em 2016, com Eduardo Severino, essa pergunta se redimensiona.
O que inspira Luciana e Eduardo para esta edição é justamente esta ‘matéria bruta’ que é o corpo.
O trabalho para tornar o corpo sensível - para que essa ‘matéria’ resulte em possibilidades, de modo que possa formar uma obra em dança. 
Os artistas têm carreira consolidada como intérpretes e criadores. Em comum, o trabalho diário para manutenção do que julgam necessário para ser-estar em suas danças; também o trabalho em cooperação com outros artistas. Para além do gosto de estabelecer trocas e parcerias para a criação, acreditam que o trabalho colaborativo seja uma das estratégias de sobrevivência na arte.
 
Fotos divulgação Luiz André Cancian
 Para esta edição, Leonardo Dias assina trilha sonora original, a partir de um poema homônimo de Luciana Paludo [O corpo é]. Também, teremos “o convidado do convidado”: Eduardo Severino convidou o músico João C. Maldonado para colaborar com a cena do espetáculo.
Sobre o Projeto Luciana Paludo convida:
O projeto estreou em 20 de março de 2016, tendo como convidado o bailarino Airton Rodrigues; em 30 de abril, com o bailarino Douglas Jung, foi realizada a segunda edição, ambas na Sala 209 da Usina do Gasômetro. A terceira edição aconteceu em 29 de maio, com o bailarino Diego Mac, que dividiu a cena com Luciana na Casa Frasca - Espaço Cultural situado na Av. Independência, 426.  Para a quarta edição o projeto retorna à Sala 209, tendo como convidado o bailarino Eduardo Severino, para encerrar a programação do primeiro semestre.

 O objetivo é que em cada edição esteja em jogo diferentes linguagens autorais que, ao entrarem em relação na mesma cena, encontrem modos de se (re)significarem; justamente pelas influências que o trabalho em colaboração pode exercer na criação em dança. 

O projeto é alimentado pela pergunta-movimento “o que move meu corpo até ele chegar à cena?”. Então, os artistas inventam seus movimentos-resposta, a partir da cooperação no trabalho de criação.
  

A metodologia de trabalho se realiza no seguinte sentido: no mês do espetáculo, os próprios artistas definem as maneiras de se encontrar para realizar a criação; isso faz parte da proposta e do projeto.

Para o segundo semestre de 2016, estão previstas apresentações com Elke Siedler (agosto), Carla Vendramin (setembro), Thais Petzhold (outubro). Mais dois artistas serão convidados durante o ano, para as edições de novembro e dezembro.

Ficha Técnica:
Concepção coreográfica e dança: Luciana Paludo e Eduardo Severino
Trilha sonora: Leonardo Dias e João Maldonado
Concepção de Luz: Kyrie Isnardi 
Operação de Luz: Ricardo Simões
Produção: Ana Paula Reis e Mimese cia de dança-coisa
Assistente de produção: Adrielle Paulino
Fotos de divulgação desta edição: Luiz André Cancian
Fotógrafo do projeto: Cláudio Etges
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Ingressos no local: R$ 20,00 / R$ 10,00 (estudante, classe artística e idosos)
Apoio: Eduardo Severino Cia de Dança; Ânima Cia de Dança; Projeto Usina das Artes - Secretaria Municipal de Cultura.
Realização: Mimese cia de dança coisa.


segunda-feira, 16 de maio de 2016

Leve um movimento para casa

A terceira edição do projeto Luciana Paludo convida acontecerá na Casa Frasca, no dia 29 de maio de 2016, às 19h
Diego Mac é o convidado

O espetáculo Leve um movimento para casa se inspira nas histórias de movimentos de cada corpo; no tempo de dança vivido e nos modos de permanência dessas histórias. Interessa aos artistas observar como essas histórias se desdobram em outros corpos. Para além da replicação, o que está em jogo são questões da composição em dança, tais como, criação / organização de movimentos; 'transmissão' de um modo / ideia de mover; recriação de uma coreografia; os repertórios.  


                                        Diego Mac - Foto Lenara Petenuzzo


O projeto estreou em 20 de março de 2016, tendo como convidado o bailarino Airton Rodrigues; em 30 de abril, com o bailarino Douglas Jung, foi realizada a segunda edição. No decorrer de 2016 estão previstas mais 6 apresentações. Para a terceira edição, que acontecerá em 29 de maio, o bailarino Diego Mac divide a cena com Luciana na Casa Frasca - Espaço Cultural situado na Av. Independência, 426.  Ao final de junho, o projeto retorna à Sala 209, tendo como convidado o bailarino Eduardo Severino – essa é a programação para o primeiro semestre.

Luciana Paludo - Foto Claudio Etges

 O objetivo é que em cada edição esteja em jogo diferentes linguagens autorais que, ao entrarem em relação na mesma cena, encontrem modos de se (re)significarem; justamente pelas influências que o trabalho em colaboração pode exercer na criação em dança. 

O projeto é alimentado pela pergunta-movimento “o que move meu corpo até ele chegar à cena?”. Então, os artistas inventam seus movimentos-resposta, a partir da cooperação no trabalho de criação.
  

A metodologia de trabalho se realiza no seguinte sentido: no mês do espetáculo, os próprios artistas definem as maneiras de se encontrar para realizar a criação; isso faz parte da proposta e do projeto.

Para o segundo semestre de 2016, estão previstas apresentações com Elke Siedler (agosto), Carla Vendramin (setembro), Thais Petzhold (outubro). Mais dois artistas serão convidados durante o ano, para as edições de novembro e dezembro.

Ficha Técnica:
Concepção coreográfica e dança: Luciana Paludo
Colaboração na criação e dança: Diego Mac
Produção: Ana Paula Reis e Mimese cia de dança-coisa
Apoio: Casa Frasca

EM BREVE MAIS INFORMAÇÕES!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Projeto 'Luciana Paludo convida...' realiza 2ª Edição

Luciana Paludo convida... Douglas Jung




Dois corpos bem de longe

Dia 30/04/2016 – 18h

Início: Sala 209 / segue para o Mezanino / término: Sala 209
Usina do Gasômetro

Ingressos no local: R$ 20,00 inteira / R$ 10,00 meia [estudante, classe artística, idoso]

No dia 30 de abril, às 18h, num percurso que se estabelecerá entre a Sala 209 e o Mezanino, na Usina do Gasômetro em Porto Alegre, a bailarina Luciana Paludo convida Douglas Jung para a cena. “Dois corpos bem de longe”, o título, foi uma ideia de Douglas, numa analogia à obra “Um corpo bem de perto” (2006), de Luciana. Desta vez o que inspira o trabalho dos bailarinos é a relação dos corpos com diferentes espaços e diferentes tipos de materialidade e perspectivas. Do ato de fala à dança; dos estudos de exercícios técnicos de dança ao diálogo sobre questões estéticas, a poética está se construindo. O pensamento como matéria; a palavra impregnada de imagens e sugestões cinéticas; os jogos que se estabelecem pelo simples fato de que dois corpos, a partir de suas referências em dança, estarem dispostos a dividirem e a construírem um espaço, compreendido e simplificado pelo nome cena

O projeto estreou em 20 de março de 2016, tendo como convidado o bailarino Airton Rodrigues. E a razão deste projeto se sustenta pela intenção de colocar em jogo a pesquisa de movimento em dança de Luciana com um bailarino convidado, a cada edição. Ao longo do ano de 2016 estão previstas mais 7 apresentações. A Sala 209 tem sido o lugar de trabalho, mas, as apresentações poderão ser redimensionadas para outros espaços. É o que acontecerá em 29 de maio, quando Diego Mac divide a cena com Luciana na Casa Frasca (espaço cultural da Av. Independência, 426).  Ao final de junho, o projeto retorna à Sala 209, tendo como convidado Eduardo Severino – essa é a programação para o primeiro semestre.

            O objetivo é que em cada edição esteja em jogo diferentes linguagens autorais que, ao entrarem em relação na mesma cena, encontrem modos de se (re)significarem; justamente pelas influências que o trabalho em colaboração pode exercer na criação em dança. 

O projeto é alimentado pela pergunta-movimentoo que move meu corpo até ele chegar à cena?”. Então, os artistas inventam seus movimentos-resposta, a partir da cooperação no trabalho de criação.
  
Ao ser questionado por Luciana, em relação ao que o está movendo, motivando para este encontro dançado, Douglas mencionou: Acho que são os "[meus] assuntos da vez": o contato com o corpo e o espaço me deixam curioso. Curioso por respostas motoras ou soluções poéticas. É a curiosidade sobre esses assuntos que me motivam a ir pro estúdio, para além de querer saber "por quê" ou "o quê" me leva até o espaço de trabalho.

A metodologia de trabalho se realiza no seguinte sentido: no mês do espetáculo, os próprios artistas definem as maneiras de se encontrar para realizar a criação; isso faz parte da proposta e do projeto.

Para a edição 2016, além de o projeto contar com Diego Mac (maio) e Eduardo Severino (junho), seguirá com Elke Siedler (agosto) e Carla Vendramin (setembro). Mais dois artistas serão convidados durante o ano, para as edições de outubro e novembro.

Ficha Técnica:
Concepção coreográfica e dança: Luciana Paludo
Colaboração na criação e dança: Douglas Jung
Colaboração: Fernanda Bertoncello Boff, Karrah Luz, Kyrie Isnardi, Gabriela Paludo Sulczinski, Wagner Ferraz e Ana Carolina Klacewicz.
Montagem de luz e apoio técnico: Karrah Luz e técnicos da Usina do Gasômetro
Figurino: Laura Bauerman
Produção: Ana Paula Reis e Mimese cia de dança-coisa
Apoio: Eduardo Severino Cia de Dança / Projeto Usina das Artes / Coletivo de Dança Sala 209.

*Foto desta postagem: Fernanda Boff; edição: Gabriela Sulczinski*


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Danças, entre março e abril de 2016

O ano de 2016 iniciou e a imaginação veio à baila 
Em alguns momentos desse início, contei com um período de férias; e foi com a dádiva do tempo à disposição que a imaginação encontrou um espaço para existir novamente.

No mês de janeiro foi a vez de esboçar projetos... Inicialmente, o "Luciana Paludo convida...", tendo Ana Paula Reis e Eduardo Severino como primeiros parceiros; em fevereiro, parti para a execução. Em 20 de março, aconteceu a estreia com Airton Rodrigues como convidado, na 12ª edição da Mostra Movimento e Palavra, na Sala 209. 

Ainda em fevereiro, tive a ideia e escrevi dois projetos, um de extensão, outro de pesquisa - e os cadastrei no sistema de extensão e de pesquisa da UFRGS. O projeto de extensão é o "Mimese cia de dança-coisa", o qual já está acontecendo, toda a segunda-feira, das 14h às 18h, na Sala 209 da Usina do Gasômetro. Cerca de 25 pessoas fazem parte desta nova configuração do Mimese; a proposta é que, no decorrer de dois meses [uma espécie de processo de seleção] fiquem 15 pessoas. Mas, essa é apenas a proposta, pois estou muito feliz com a disponibilidade e o interesse de todos, para o trabalho que estou propondo. O outro projeto [de pesquisa] chama "Pesquisa de linguagem autoral em Dança", e é para durar 5 anos; o "Luciana Paludo convida..." é a ação de pesquisa prevista para o ano de 2016.

Em meio às escritas, uma ação do projeto "Dos sensíveis", em colaboração com o fotógrafo Marcelo Cabrera; o ensaio foi feito na Casa Frasca:




Em fevereiro também recebi o convite de Andrea Spolaor, para uma apresentação em comemoração ao Dia Internacional da Mulher; teríamos que formar o espetáculo, em colaboração com, além de nós duas, Daggi Dornelles e Elke Siedler. Foi um momento emocionante, de trocas, de muita dança e acolhimento umas às outras. O espetáculo foi nominado D.E.L.A. [iniciais de Daggi, Elke, Luciana, Andrea]; aconteceu no Teatro Bruno Kiefer, no dia 12 de março. Abaixo, uma foto do Frank Jeske.



Em final de fevereiro também iniciei o ano letivo na UFRGS; escrevo hoje, 20 de abril, com uma sensação de gratificação, pois percebo que este movimento todo [da imaginação] tem reverberado nas palavras, nos gestos, nas ações e nas proposições que tenho realizado / mediado em aulas. Então, retomo algo que faz muito tempo que penso [e que está nas argumentações de meus projetos de pesquisa e de extensão]: o quanto que as práticas artísticas e docentes se retroalimentam. Para mim, não há separação; há, como costumo dizer "modulações de energias"; é como quando eu danço clássico e, logo em seguida vou fazer aula de dança contemporânea ou improvisação. Há modulações de forças que se readequam, mas, a dança está ali, num continuum, assim como o processo de existir.

Em março, como além de estrear o projeto, no dia 20 e de dançar com as meninas, também já iniciei o trabalho para a segunda edição do Luciana Paludo convida... Desta vez, com Douglas Jung; estamos trabalhando e estrearemos dia 30 de abril.

Em 27 de março dancei "Passagens", na Maratona de Dança, promovida pelo Centro Municipal de Dança, no Auditório Araújo Vianna. Foi um momento ímpar, de retomada de energia. Foi incrível trocar tanta energia com tantas pessoas. E então que aconteceu a mágica do silêncio... Eu fico emocionada quando alguma dança minha provoca silêncio.



Fotos Claudio Etges

domingo, 10 de abril de 2016

As cartas como recurso de construção política



As cartas como recurso de construção política
                                                                   Luciana Paludo*

É difícil e tem sido difícil se posicionar - pelo simples fato da violência que brota, à presença de uma ideia que não seja confluente com as ideias dos que estão à nossa volta. Então, ficamos receosos, acuados. E isso incita à segmentação social; à reunião em guetos; à procura de pares de pensamento. Por um lado é bom, mas, por outro, também alimenta dicotomias. Mas, digo: às vezes isso é um recurso de sobrevivência.

            Neste sábado uma das coisas que me fez feliz, juntamente com a alegria de estar viva e de ter o amor da minha família, foi receber uma carta de uma amiga. Minha amiga Roberta mora no Rio Grande do Norte; saiu do Rio Grande do Sul, após ter concluído sua licenciatura em Dança, para lá se estabelecer e trabalhar. Foi então que um dos trechos de sua carta deflagrou a elaboração de concepções que andavam perambulando em meus pensamentos, as quais ainda não haviam se aglutinado em ‘dizeres’ organizados na forma escrita. O trecho da carta de Roberta dizia assim:

Reflexões íntimas à parte, tudo anda bem por aqui, com saúde e com a disponibilidade necessária na vida pra aprender. 
Mas ainda assim ando um pouco preocupada (e tenho certeza que tu também) com a situação entristecedora do nosso país, dos nossos "irmãos de pátria" perdidos nesse prazer pelo ódio. Não sei exatamente como isso tem se manifestado pelo Sul, vejo só de longe, mas aqui soa como uma libertação sem escrúpulos do preconceito e da intolerância históricos, intensificados pelo fundamentalismo religioso coletivo do RN, e agora usufruindo do campo político instável do momento. 
Eu faço o que posso, estudo ao máximo, compartilho os estudos, incito a reflexão consciente e a discussão saudável, mas tenho receio que isso chegue ao apogeu tão desastroso que se apresenta diante de nós.
E mais decepcionante pra mim é ver meus colegas de escola básica imersos na desinformação e no senso comum, e, sem saber pra onde ir, deixam com que os outros escolham seus próprios caminhos. E não era pra ser a escola o berço da autonomia do pensar? (PEDRONI, 2016).

            Eis então que lhe respondi.

Minha muito querida amiga Roberta,

            Que feliz estou com suas palavras! Emocionada pela qualidade da escrita e por você dividir a sensação deste momento de extrema conturbação em nosso país. Digo que vivemos a era do protagonismo vazio, no qual as vozes se mesclam em volumes similares. Há uma polifonia nada harmônica e uma confusão de conceitos, concepções e comportamentos. Todos eles reclamam o direito de "estarem certos", absolutamente certos - e de que seus respectivos pontos de vista são a única verdade. Agora imagina uma porção de gente achando a mesma coisa... Pois então, é o nosso país.
            Quando menciono o protagonismo vazio, também me refiro ao aval que as redes sociais conferem para todo e qualquer discurso; na "rede" há os bem fundamentados e os fundamentalistas... Com a licença para o trocadilho, não acredito nessa simples razão dicotômica, do "ou isso ou aquilo"; é muito mais complexo. Há os valores intermediários e os macios; mas, esses valores não encontram espaços, pois que há as ideias que esqueceram de dançar, de se realizarem em formas fluídas. E então, há um embrutecimento e uma simplificação no modo de compreender as circunstâncias e, consequentemente, agir e se posicionar em relação ao momento em que vivemos.
            Repare: quanto mais duro o pensamento, mais barulhento, mais alto o grito. Pois a certeza é barulhenta. A dúvida fala mais baixo; a ponderação é algo que requer desaceleração.
            E então, o que vejo são propriedades que não estão sendo trabalhadas. Quais sejam: a desaceleração, a ponderação, a busca de observar os fatos sem os fanatismos que reduzem a existência às dicotomias simplistas e de fáceis dizeres.
            Sim, pois junto com a era desse protagonismo vazio, há uma porção de "jargões compartilhados" [palavras-Miojo, como costumo me referir]. Ops, se eu não tenho ideia / ou, palavras para expressar a minha ideia, pego aquela frase de efeito "do outro" e largo na minha time line e, pronto. Está realizada a micro catarse individual que se linka a um coletivo. E então, o desejo de pertencimento, de realização; a impressão de estar "colaborando" com os significados de mundo se avoluma; se inflam. Enchem-se de orgulho e de plena razão. E é justamente ali que mora o perigo.
          O perigo desses jargões que pululam em redes e bocas é realmente que o pensamento cristaliza. Encerra-se na "certeza de que estamos certos". E então, o rechaço do outro e do pensamento que é um pouco dissonante do "nosso" começam a atuar como uma espécie de vírus ameaçador. O pensamento começa a gerar 'anticorpos'. E aí se instaura um ciclo de rejeições e hostilidades à diferença.
            Como viver na diferença... E, num jogo de palavras: “com’viver” na diferença é ter a devida paciência de escutar as razões do outro. E nós (para "o outro") também somos "outro". Então, há um apelo, uma necessidade de se falar nisso; de construir essa noção.
            E, como digo na minha tese [sobre coreografias nas graduações em dança no RS]: há uma pluralidade de danças que compõem os cursos de graduação em Dança do RS [e aí façamos a analogia com a sociedade, em relação à pluralidade de pensamentos e concepções de mundo - pois o micro-cosmo de uma sala de aula tem relação direta com a sociedade]. Então, podemos pensar com Stuart Hall nessas identidades fixas que buscam uma (re)afirmação. Na instabilidade que é aquilo que percebemos como "evolução de pensamento e comportamento" nas sociedades. Na razão cíclica dessas concepções que oscilam entre uma liberdade de ação e um retorno a uma "ordem perfeita" que havia no passado (sic). E aqui podemos pensar na democracia (e na sua ausência) nos direitos das 'minorias' (e na ausência desses direitos)... Para algumas pessoas essa "ausência" se refere exatamente às coisas nos seus devidos lugares [por isso clamam por retornos absurdos]. Sim, pelo simples fato de que isso faz parte de suas referências. E essa referência não 'amacia o olhar' para saber que há outras referências que operam ao seu lado. E lado a lado. 

            Ao dizer isso, recordo de uma citação de Max Weber, a qual se encontra como epígrafe da Parte I, do livro Condição Pós-Moderna de David Harvey; cito:

O destino de uma época que comeu da árvore do conhecimento é ter de... reconhecer que as concepções gerais da vida e do universo nunca podem ser os produtos do conhecimento empírico crescente, e que os mais elevados ideais, que nos movem com mais vigor, sempre são formados apenas na luta com outros ideais que são tão sagrados para os outros quanto os nossos para nós (Max Weber, in, HARVEY, 2014, p. 13).

            Tuas palavras deflagraram essas palavras minhas. Mais do que responder ao e-mail recebido, percebo uma elaboração de minhas incomodações relativas à situação atual de nosso país. É difícil e tem sido difícil se posicionar - pelo simples fato da violência que brota à presença de uma ideia que não seja confluente com outras ideias, dos que estão à nossa volta. Então, ficamos receosos, acuados. E isso incita à segmentação social; à reunião em guetos; à procura de pares de pensamento. Por um lado é bom, mas, por outro, também alimenta a dicotomia. Mas, digo: às vezes isso é um recurso de sobrevivência.

            Continuemos, Roberta, continuemos nossos trabalhos nos lugares que por ora habitamos. Que sejamos fortes, corajosas, generosas, para podermos colocar em jogo, no ambiente em que estamos, uma forma macia de existir; fluída. Mas, que façamos, também, escolhas. Que tenhamos espaço [ou, que consigamos construir esses espaços] para argumentar nossas escolhas.
             No conceito de coreografia que desenvolvo em minha tese, escrevo que coreografias são escolhas; são constituídas de escolhas, portanto, de abandonos. Ou seja, para um movimento estar ali, outro precisou não estar. Podemos agregar outros movimentos, certamente - e trabalharmos na noção de coreografia semi-estruturada. Mas, em algum momento será necessária a clareza, para que tenhamos uma 'estética' que ficará aparente; algo que nos colocará em jogo politicamente. Pois que a estética anda ao lado da ética – ou, incita as relações que serão deflagradoras de uma ética, justamente por nos colocar em jogo com o(s) outro(s). Justamente por operar nessas equações que denominamos "escolhas" e posicionamentos. [Ando observando as "coreografias cotidianas"... As organizações, as estruturas, os 'figurinos', e, pasme, até as dancinhas!] 

Que bom que você me escreveu! E me fez companhia neste tempo em que fiquei escrevendo essas palavras.

Um forte e afetuoso abraço, cheio de ar na cintura escapular.

Lu.
09/04/2016


Referências:
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DPeA, 2005.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. 25. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
PEDRONI, Roberta. [Mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <lupaludo@terra.com.br> em: 09 abr. 2016.

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Luciana Paludo é bailarina, bacharel e licenciada em Dança (PUC-PR/ Fundação Teatro Guaíra). Além de produzir e de coreografar seus trabalhos solos e apresentá-los em diversas cidades do Brasil, realiza investigações coreográficas em colaboração com outros artistas; faz parte do Coletivo de Dança da Sala 209, na Usina do Gasômetro, Porto Alegre. Já desenvolveu trabalho como professora e coreógrafa no Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre, na Companhia Municipal de Dança de Caxias do Sul e na Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre (como professora). É especialista em Linguagem e Comunicação (UNICRUZ), mestre em Artes Visuais (UFRGS), doutora em Educação (UFRGS). Em sua tese pesquisou sobre o status da coreografia nos cursos de Graduação em Dança do RS. Foi professora do Curso de Dança da UNICRUZ (2000-2008), do Curso de Dança da ULBRA (2009-2011). Atualmente é professora do Curso de Dança da UFGRS.




segunda-feira, 28 de março de 2016

Mimese cia de dança-coisa expande seus experimentos

O Mimese funcionará em 2016 como uma ação de Extensão da UFRGS. 
Os trabalhos ocorrerão, inicialmente, na Sala 209, nas segundas-feiras, das 14h às 18h, a partir do dia 04 de abril de 2016.

Inscrições / Seleção

Os dois primeiros meses de trabalho serão destinados à seleção dos 15 bailarinos que participarão efetivamente do projeto, no decorrer do ano. Os interessados em participar podem encaminhar e-mail a lupaludo@terra.com.br

Acredita-se que essa "seleção" será feita de maneira orgânica e natural, em acordo às afinidades das pessoas com a concepção do Mimese.

O projeto se destina a pessoas que já têm experiências em dança; poderão participar professores, acadêmicos, egressos do curso de Dança da UFRGS, bem como de outros cursos de Dança do Estado; e bailarinos da comunidade em geral.

Objetivo

Com o objetivo de proporcionar espaço e tempo para a reflexão e a construção de movimentos, os quais serão trabalhados em aula e se desdobrarão em composições coreográficas, performances, instalações e outras formas de arte, o Mimese retoma e expande suas atividades em grupo neste ano.

Breve histórico

Dirigido por Luciana Paludo, desde sua criação em 2002, na cidade de Cruz Alta, o "Mimese cia de dança-coisa" é uma ideia que iniciou por uma proposição de Luciana, quando era professora do Curso de Dança da UNICRUZ; essa ideia encontrou respaldo da então coordenadora do Curso de Dança da UNICRUZ, Carmen Anita Hoffmann, bem como de artistas que moravam em Cruz Alta na ocasião - os quais estavam envolvidos com o referido curso. Entre esses artistas destaca-se Janaína Jorge (em memória), Rubiane Zancan, Katia Kalinka, Wilson França, Letícia Guimarães, Igor Pretto, Carla Furlani, entre outros colaboradores. O Mimese nasceu como um Projeto de Extensão da UNICRUZ em 2002; em 2004 se tornou um grupo independente. Como grupo, recebeu vários prêmios, tais como o "Klauss Vianna de Dança - 2006" e "Caravana Funarte de Circulação Nacional - Dança - 2007", do Ministério da Cultura / FUNARTE. Tem em seu repertório obras de Mario Nascimento, Luciana Paludo, e Janaína Jorge.


Nesta foto, a identidade visual de "Os humores do poeta", na ocasião da Caravana FUNARTE de Circulação Nacional (2007)
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"Além disso" (2002/2003) de Mario Nascimento
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"Semelhanças" (2002-2004) de Luciana Paludo